terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Música instrumental no período Barroco

"Durante o período barroco, a música instrumental passou a ter importância igual à da música vocal. A orquestra passou a tomar forma. No século XVII, o aperfeiçoamento dos instrumentos de corda, principalmente os violinos, fez com que a seção de cordas se tornasse uma unidade independente. Os violinos passaram a ser o centro da orquestra, ao qual os compositores acrescentavam outros instrumentos: flautas, fagotes, trompas, trompetes e tímpanos.
Um traço constante nas orquestras barrocas, porém, era a presença do cravo ou órgão como contínuo, fazendo o baixo preenchendo a harmonia." Mas "a música instrumental da primeira metade do Séc. XVII não escapou do encanto exercido pelos estilos do recitativo e da aria, ainda que de maneira menos profunda do que o baixo contínuo. Também pode ser analisada a importância da música instrumental em relação à música vocal, tanto em qualidade como em conteúdo. Pode-se dividir a música instrumental do barroco temprano/inicial em 5 tipos gerais de composição:

1-Fugado: peças de contraponto imitativo contínuo, podendo ser denominadas de
ricercare, fantasia, fancy, capriccio, fuga, verset e outros nomes;
2-Tipo de Canção: peças de contraponto imitativo contínuo, às vezes com mescla de outros estilos;
3-Peças com variações de uma melodia ou um “baixo dado”:
partita, passacaglia, chaconne, partita coral e prelúdio coral;
4-Danças e outras peças com ritmos de baile mais ou menos estilizados, relaxadamente agrupadas umas com as outras ou bem integradas de uma maneira mais estreita na suíte;
5-Peças de estilo improvisatório para um instrumento de teclado ou para alaúde solo, chamadas
toccata, fantasia ou prelúdio."

(os textos completos podem ser acessados em: http://pt.scribd.com/doc/28423421/A-Musica-Instrumental-do-Barroco-Temprano e http://www.hpdocarlos.kit.net/musica_barroca.htm)

Vídeos

Ricercar dopo il Credo - Gerolamo Frescobaldi




Fiori Musicali - Gerolamo Frescobaldi




Canzona II - J. J. Froberger




Trio Sonata Op 3, No 2 - Arcangelo Corelli





12 Partite su l'aria di Ruggiero - Gerolamo Frescobaldi


Dança


   "Em sua preciosíssima Orchésographie (1588, reed. 1888 e 1970), o cônego Jehan Tabourot, dito Thoinot Arbeau, da uma descrição precisa das danças em uso no século XVI. Muitas delas datam do século precedente, mas só apareceram no repertório puramente instrumental nas primeiras tablaturas impressas. As principais são as seguintes:
 • BASSE DANSE - Muito em voga do século XIV a meados do século XVI, é uma dança nobre em três tempos (executada sem saltar, donde seu nome [dança baixa]), que será destronada pela pavana. Nas coletâneas de musica instrumental, as basses danses são, em geral "guarnecidas de recortes a tordiões" (Attaingnant, 1528, 1530); em outras palavras, elas se compõem da melodia principal, de uma repetição variada e de uma espécie de curta galharda para terminar. A partir do fim do século XV, as basses danses são geralmente escritas sobre uma espécie de cantus firmus, análogo ao "baixo obstinado".
 • BRANLES - Danças francesas de origem popular, muito em voga nos séculos XVI a XVII. Há uma grande variedade, que Thoinot Arbeau descreve: branles simples, duplas, de Borgonha (tipos principais), de Champagne, de Poitou (ancestrais do minueto), alegres, das lavadeiras, das ervilhas, do castiçal, dos tamancos, etc. Com exceção do branle alegre [gai] e do branle de Poitou, que são a três tempos, todos os demais são de compasso binário.
 • PAVANA - A mais bela das danças nobres, em moda de 1500 a 1650 aproximadamente (Luis XIV preferira a corrente a ela). De ritmo binário e andamento moderado, e geralmente associada a uma dança viva: o saltarello em 6/8 até cerca de 1530, depois a galharda. Thoinot Arbeau da em seu tratado um maravilhoso exemplo de pavana cantada: Belle qui tiens ma vie . Encontraremos adiante uma bela pavana para alaúde.As padoane das tablaturas italianas (Petrucci, 1508, por exemplo), provavelmente originarias de Padua, são, em geral, de andamento vivo, em 12/8. Não tem nenhuma relação com a pavana."  

Processos de variações


"A história das variações no início do séc. XVII é marcada por um desenvolvimento maior das variações de ostinato à maneira italiana e pela fusão do processo de variação com o emergente estilo homofônico e de baixo cifrado. O estilo resultante é uma expansão do antigo sistema de baixo estrutural para incluir as novas formas de variação de ostinato - chacona e passacaglia - assim como as variações estróficas. Estas eram uma forma da música de câmara italiana na qual a melodia vocal da 1a estrofe era variada em estrofes subsequentes enquanto o baixo era repetido sem mudanças. A evolução desta forma em relação às anteriores repousa no fato de se considerar também a melodia principal como uma fonte estrutural do processo de variação. De fato, embora a voz superior seja ainda tratada mais como um aspecto secundário do que uma frase melódica integrada, as variações melódicas passam a ter uma crescente importância ao longo do período.
A polarização grave-agudo própria do barroco levou as novas formas de basso ostinato a tornarem-se linhas melódicas distintas. Elas irão se cristalizar em duas formas que se integram entre si: a passacaglia e a chacona. Ambas eram originalmente danças lentas de ritmo ternário, montadas como variações sobre uma melodia no baixo sempre repetida, de quatro ou oito compassos. Ao contrário do basso ostinato, que não era viável por si mesmo, o baixo de uma chacona ou passacaglia representava uma frase melódica auto-suficiente.
A passacaglia tem origem na Espanha, como a guitarra de cinco cordas na qual era tocada. Com o tempo se difundiu para a Itália,e durante o segundo quarto do séc. XVII a passacaglia foi usada como uma unidade básica de construção em formas de variação para guitarra, voz e contínuo, assim como para instrumentos de teclado e vários grupos de câmara com contínuo.
Em seus primórdios a chacona tinha um caráter humorístico e obsceno, e era sempre em ritmo ternário e em modo maior. Usava várias progressões harmônicas diferentes, que se tranformaram, nas variações italianas, em linhas melódicas para o baixo. Este aspecto, associado com a preocupação da música vocal italiana com a linha do baixo, elevou a forma da chacona ao seu ápice no séc. XVII."

Sonata Barroca



   "A palavra sonata vem do latim Sonare, que significa "soar": ou seja , é uma peça para ser tocada (em oposição à cantata, música para ser cantada). Boa parte das sonatas barrocas foi composta para dois violinos e baixo contínuo. Os compositores chamavam essas peças de Trio Sonatas: referindo-se às três linhas de música realmente impressas embora, de fato fossem necessários quatro executantes. Às vezes um dos violinos ou ambos era substituído por uma flauta ou um oboé, e as sonatas que foram escritas para um só instrumento melódico, ao lado de um contínuo.

  •  Sonata de câmara - destinada a pequenas salas
  • Sonata da chiesa (da igreja) - destinada instrumentos contínuos (órgão e fagote)
   Os dois normalmente consistiam nos quatro movimentos, quase sempre na mesma tonalidade, mas com andamentos constantes ( lento/rápido/lento/rápido).
   Em geral os movimentos tinham forma binária. A sonata de Câmara era praticamente uma suíte ( um agrupamento de danças compostas para um ou mais instrumentos, com quatro movimentos) e, como tal, incluía danças. Já a de igrajas tinha caráter mais sério com os movimentos mais rápidos ( muitas vezes escrito no estilo de fuga)
   Os principais compositores barrocos de sonata incluem: Purcell, Corelli, Couperin, Bach e Händel.
   Um tipo bem deferente são as de Domenico Scarlatti, filho de Alessandro Scarlatti. São peças especificamente escritas para teclado, onde não faltam trinados, intervalos espaçados, notas repetidas e com cruzamento de mãos."

Canzone



    É uma forma essencialmente polifônica, em estilo de imitação, que encontra sua origem nas canções instrumentais do século XV e nas primeiras transcrições das canções francesas (canzone francese), mas que não tem nada a ver com a canzone villanesca. Principais representantes: os dois Cavazzoni (suas canzoni para órgão são as primeiras do gênero), os Gabrieli, Merulo, Banchieri, Ingegneri. Mais tarde, Frescobaldi escreverá admiráveis Canzoni francesi, umas para instrumento de teclado, outras que "podem ser tocadas em toda sorte de instrumentos". No seculo XVI, a maioria das canzoni é destinada ao teclado. Entre as exceções, figuram as Canzoni e sonate (1615) de Giovanni Gabrieli para um conjunto instrumental, que apresentam um verdadeiro caráter "sinfônico", e as Canzoni alla francese a 4 voci per sonar (1595) de Banchieri. Essas duas coletâneas anunciam a sonata da chiesa.  

Ricercare

   "A sua origem, era uma peça Instrumental livre, em parte improvisada, que empregava a técnica imitativa do motete. Pela sua imitação quase que cerrada e obrigada (à 4a, à 5a e à 8a) o ricercare foi muito importante, pois deu origem ao que no período seguinte e até hoje chamamos de fuga. Foram assim designados, a princípio, prelúdios livres que os alaudistas e organistas improvisavam ou compunham para não limitar seu repertório apenas às transcrições de peças vocais. A palavra aparece pela primeira vez, nessa acepção, numa coletânea de tablatura de alaúde publicada por Petrucci em 1507. Mas o emprego habitual do estilo de imitação logo fará do ricercare uma forma elaboradíssima, quase sempre destinada aos instrumentos de teclado e que anuncia diretamente a fuga. Principais representantes: Francesco da Milano a Girolamo Cavazzoni (primeiros ricercari em estilo de imitação fugada), os Gabrieli, Merulo, Willaert, Hofhaimer, os organistas a vihuelistas espanhóis (tientos), os virginalistas ingleses (fantasies ou fancies) e muitos outros. O ricercare só se distingue da canzone por um estilo mais severo e uma escrita mais rigorosa. Fantasias a tientos podem-lhe ser assimilados."

referências: textos, áudios e imagens

Textos 

http://www.culturaemusica.com/pesquisa/historiadamusica.htm
http://www.hpdocarlos.kit.net/musica_instrumental.htm#ricercare
Áudios
http://www.youtube.com/watch?v=JUofzhD-ZHM Ricercar dopo il Credo - Girolamo Frescobaldi.
http://www.youtube.com/watch?v=vF5tOUUlLRE - Gerolamo Frescobaldi - Fiori Musicali, vol. 17
http://historiadamusica2fap.wordpress.com/2011/06/21/frescobaldi-ricercare-dopo-il-credo/
http://www.youtube.com/watch?v=yt-w71bd6_0  J. J. Froberger - Canzona II      
http://www.youtube.com/watch?v=oJDQrQmkvac arcangelo corelli
http://www.youtube.com/watch?v=YuRsmLuugHc Frescobaldi 12 Partite su Ruggiero Baiano Cembalo.wm

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