"A história das variações
no início do séc. XVII é marcada por um desenvolvimento maior das variações de
ostinato à maneira italiana e pela fusão do processo de variação com o
emergente estilo homofônico e de baixo cifrado. O estilo resultante é uma
expansão do antigo sistema de baixo estrutural para incluir as novas formas de
variação de ostinato - chacona e passacaglia - assim
como as variações estróficas. Estas eram uma forma da música de câmara italiana
na qual a melodia vocal da 1a estrofe era variada em estrofes
subsequentes enquanto o baixo era repetido sem mudanças. A evolução desta forma
em relação às anteriores repousa no fato de se considerar também a melodia
principal como uma fonte estrutural do processo de variação. De fato, embora a
voz superior seja ainda tratada mais como um aspecto secundário do que uma
frase melódica integrada, as variações melódicas passam a ter uma crescente
importância ao longo do período.
A polarização
grave-agudo própria do barroco levou as novas formas de basso ostinato a
tornarem-se linhas melódicas distintas. Elas irão se cristalizar em duas formas
que se integram entre si: a passacaglia e a chacona. Ambas eram
originalmente danças lentas de ritmo ternário, montadas como variações sobre
uma melodia no baixo sempre repetida, de quatro ou oito compassos. Ao contrário
do basso ostinato, que não era viável por si mesmo, o baixo de uma chacona ou
passacaglia representava uma frase melódica auto-suficiente.
A passacaglia tem origem na Espanha, como a guitarra de cinco cordas na qual era
tocada. Com o tempo se difundiu para a Itália,e durante o segundo quarto do
séc. XVII a passacaglia foi usada como uma unidade básica de construção em
formas de variação para guitarra, voz e contínuo, assim como para instrumentos
de teclado e vários grupos de câmara com contínuo.
Em seus primórdios
a chacona tinha um caráter humorístico e obsceno, e era sempre em ritmo
ternário e em modo maior. Usava várias progressões harmônicas diferentes, que
se tranformaram, nas variações italianas, em linhas melódicas para o baixo.
Este aspecto, associado com a preocupação da música vocal italiana com a linha
do baixo, elevou a forma da chacona ao seu ápice no séc. XVII."
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