terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Processos de variações


"A história das variações no início do séc. XVII é marcada por um desenvolvimento maior das variações de ostinato à maneira italiana e pela fusão do processo de variação com o emergente estilo homofônico e de baixo cifrado. O estilo resultante é uma expansão do antigo sistema de baixo estrutural para incluir as novas formas de variação de ostinato - chacona e passacaglia - assim como as variações estróficas. Estas eram uma forma da música de câmara italiana na qual a melodia vocal da 1a estrofe era variada em estrofes subsequentes enquanto o baixo era repetido sem mudanças. A evolução desta forma em relação às anteriores repousa no fato de se considerar também a melodia principal como uma fonte estrutural do processo de variação. De fato, embora a voz superior seja ainda tratada mais como um aspecto secundário do que uma frase melódica integrada, as variações melódicas passam a ter uma crescente importância ao longo do período.
A polarização grave-agudo própria do barroco levou as novas formas de basso ostinato a tornarem-se linhas melódicas distintas. Elas irão se cristalizar em duas formas que se integram entre si: a passacaglia e a chacona. Ambas eram originalmente danças lentas de ritmo ternário, montadas como variações sobre uma melodia no baixo sempre repetida, de quatro ou oito compassos. Ao contrário do basso ostinato, que não era viável por si mesmo, o baixo de uma chacona ou passacaglia representava uma frase melódica auto-suficiente.
A passacaglia tem origem na Espanha, como a guitarra de cinco cordas na qual era tocada. Com o tempo se difundiu para a Itália,e durante o segundo quarto do séc. XVII a passacaglia foi usada como uma unidade básica de construção em formas de variação para guitarra, voz e contínuo, assim como para instrumentos de teclado e vários grupos de câmara com contínuo.
Em seus primórdios a chacona tinha um caráter humorístico e obsceno, e era sempre em ritmo ternário e em modo maior. Usava várias progressões harmônicas diferentes, que se tranformaram, nas variações italianas, em linhas melódicas para o baixo. Este aspecto, associado com a preocupação da música vocal italiana com a linha do baixo, elevou a forma da chacona ao seu ápice no séc. XVII."

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